Mayllon Galban de Almeida

Esta dissertação investiga os mecanismos de exclusão e inclusão produtiva no mercado de trabalho brasileiro, articulando dois eixos principais: o desalento, entendido como uma forma de exclusão estrutural, e a liderança feminina em empreendimentos de economia solidária. A ideia central do estudo é que o mercado de trabalho brasileiro apresenta múltiplas manifestações de exclusão estrutural, sendo o desalento – caracterizado pela desistência da busca por emprego diante da ausência de perspectivas reais de inserção – uma de suas formas preocupantes, frequentemente subestimada ou invisibilizada nas estatísticas tradicionais. Nesse cenário, a economia solidária desponta como alternativa promissora de reinserção produtiva para trabalhadores marginalizados, com destaque para as mulheres, que representam a maioria nesse grupo. A dissertação está organizada em dois ensaios independentes, porém interconectados pelo objetivo central. A abordagem metodológica combina análise teórica e contextual com investigação empírica, incluindo um estudo de caso e modelagem econométrica. O primeiro ensaio, de natureza quantitativa, utiliza microdados da PNADC (2012-2024) e estima um Modelo Vetorial de Correção de Erros (VECM) para examinar a relação entre o desalento e variáveis macroeconômicas. Os resultados indicam que o desalento é um fenômeno estrutural e persistente, moldado por fatores macroeconômicos, mas, sobretudo, pela sua própria dinâmica interna, à luz das contradições históricas do mercado de trabalho brasileiro. O segundo ensaio apresenta um estudo de caso sobre um coletivo de mulheres cuja atividade principal é a costura, localizado no Conjunto José Richa, em Sarandi/PR, e incubado pela Incubadora Unitrabalho da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O ensaio evidencia o potencial da economia solidária para a geração de trabalho e renda, bem como para o fortalecimento da liderança e do empoderamento feminino em contextos de vulnerabilidade social. Ao articular dimensões qualitativas e quantitativas, o estudo ressalta a relevância de políticas públicas que incentivem iniciativas de economia solidária como alternativa ao modelo econômico tradicional, com potencial para promover resultados mais justos, inclusivos e sustentáveis.